O consumidor que encontrou na pandemia fôlego para reformar a casa está sendo frustrado pela falta de produtos, aumento expressivo de preços e dilatação de prazos de entregas.
O desabastecimento é consequência de um descompasso na indústria da construção civil, que teve a produção comprometida principalmente nos primeiros meses da pandemia. Fábricas de cimento e de aço, por exemplo, tiveram de parar as máquinas, e as atividades ainda não retornaram ao patamar anterior à crise.
Mais de um ano após a primeira morte por Covid-19 no Brasil, fornecedores de materiais de construção ainda trabalham com estoque reduzido.
A quebra na cadeia produtiva prejudicou o setor, que sofre dificuldades para dar conta da demanda, tanto para pequenos reparos quanto para grandes empreendimentos.
Em 12 meses, os preços dos fios de cobre, do aço e do cimento tiveram reajustes de 51,2%, 45,7% e 37,4%, respectivamente. Os números são do levantamento do Custo Unitário Básico, calculado pela Fundação Getulio Vargas e divulgados pelo SindusCon-SP (Sindicado da Construção Civil) no início de março.
A escassez de material e de equipamentos é motivo de preocupação para o setor que, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, projetava no início do ano crescimento de 4% no PIB em 2021.
De 659 empresas que responderam pesquisa do Índice de Confiança da Construção, 13,6% indicaram a falta de material como fator limitante.
“É um número alto uma vez que, um mês antes da pandemia, esse item foi assinalado por apenas 2% das empresas”, afirma Ana Castelo, coordenadora de Projetos de Construção da FGV/Ibre, responsável pelo levantamento.
Divulgado na quinta-feira (25) o Índice de Confiança da Construção recuou, no geral, 3,2 pontos neste mês, chegando a 88,8 pontos, menor nível registrado desde agosto do ano passado.
Além do auxílio emergencial, que impulsionou a demanda em um mercado com capacidade produtiva reduzida, o aumento do preço de commodities e o dólar alto também justificam os problemas na produção interna. Nesse cenário, há um estímulo à exportação dos insumos em detrimento do mercado nacional.
Para o vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, a situação já foi pior. Mas hoje o mercado ainda sofre com a falta de alguns produtos e é obrigado a dilatar prazos de entrega.“Uma encomenda que antes era entregue em 20 dias passou para 90 dias. Temos de nos planejar com muito mais antecedência”, afirma Zaidan.
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