Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrialização do concreto conquista espaço como ferramenta que alia estética, tecnologia e desempenho

Os pré-fabricados de concreto deixaram de ser vistos apenas como elementos estruturais padronizados. Hoje, representam versatilidade, precisão e design. A industrialização desse material abriu caminho para projetos mais ousados, com geometrias complexas, fachadas personalizadas e soluções que unem estética e desempenho.

Segundo Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), o setor vive um salto tecnológico. “O uso de concretos de alto desempenho e autoadensáveis, aliado à protensão e à automação das fábricas, trouxe liberdade criativa e sustentabilidade. Reduzir o peso dos elementos e avançar para edifícios mais altos tem sido fundamental para o crescimento do setor”, afirma.

Essa industrialização permite um nível de detalhamento antes inviável em obras convencionais, já que o processo fabril garante precisão milimétrica e acabamento de qualidade. Além disso, o uso de tecnologias como BIM integrado à produção e rastreabilidade por QR Code reforça o controle de cada etapa — da compra de insumos à montagem final no canteiro.

Estética aliada à técnica

Para o arquiteto Márcio Porto, do escritório Sidonio Porto Arquitetos Associados, os pré-fabricados se tornaram também uma ferramenta estética poderosa. “Nos projetos da Petrobras, em Macaé e Vitória, exploramos ao máximo o potencial plástico do concreto. Os painéis de fachada foram desenhados peça a peça, com variações de forma, textura e função, sem limitações impostas pelo sistema construtivo”, explica.

A liberdade criativa vem acompanhada de precisão e funcionalidade. “A industrialização permite criar fachadas sofisticadas, com acabamentos já saindo da fábrica, sem comprometer o prazo nem o orçamento. É o casamento perfeito entre beleza e racionalidade construtiva”, afirma o arquiteto.

Projetos como o Centro de Treinamento do Comperj e o Instituto Bola Pra Frente, ambos no Rio de Janeiro, ilustram bem esse conceito. No primeiro, todas as peças — pilares, vigas, lajes e fechamentos — foram pré-fabricadas, otimizando tempo e eliminando desperdícios. Já no segundo, a combinação entre concreto e estrutura metálica resultou em um edifício social de rápida execução e forte expressão arquitetônica.

Eficiência, sustentabilidade e novos usos

Além da estética, a industrialização do concreto oferece ganhos reais e significativos em produtividade, previsibilidade e sustentabilidade. “Há obras em que a redução de resíduos chega a 80% em relação ao sistema convencional”, destaca Íria Doniak. “A precisão dimensional elimina retrabalhos e garante qualidade superior, o que também impacta positivamente nos custos e no desempenho ambiental das construções”, complementa.

A presidente da Abcic lembra que o setor também se beneficia da redução do prazo de obra — já que a produção das peças ocorre em paralelo à execução das fundações — e de um canteiro mais limpo e seguro, com menos operários e menos entulho.

De acordo com dados da entidade, os pré-fabricados estão ganhando espaço em segmentos variados: edifícios comerciais e residenciais, galpões logísticos, centros de dados e obras de infraestrutura. Essa expansão é resultado da crescente busca por produtividade e da necessidade de diminuir o impacto ambiental e o consumo de recursos naturais.

Caminho aberto para a descarbonização e a inovação

Com a adoção crescente dos pré-fabricados, a arquitetura contemporânea ganha um novo aliado na criação de obras autorais e sustentáveis. “A construção industrializada permite uma arquitetura flexível, que pode ser desmontada e adaptada no futuro. Isso é pensar em estética e função com responsabilidade”, resume Márcio Porto.

Para Íria Doniak, o avanço da industrialização é também um caminho para a descarbonização e a inovação contínua. “O concreto pré-fabricado de hoje é tecnológico, leve, rastreável e cada vez mais sustentável. É a prova de que eficiência e beleza podem e devem caminhar juntas”, conclui.

Matéria publicada no Massa Cinzenta

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