Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Vendas de cimento registram queda em outubro

O cenário macroeconômico, somado às condições climáticas, com chuvas acima da média e seca em várias regiões, impactaram o desempenho da indústria brasileira do cimento.

Em outubro, as vendas do produto tiveram queda de 2,3% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo 5,3 milhões de toneladas comercializadas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

O acumulado do ano (de janeiro a outubro) registrou 52,1 milhões de toneladas vendidas, queda de 2,1% comparado ao mesmo período do ano passado.

Ao se analisar o despacho do insumo por dia útil, nota-se um recuo de 4,2% sobre o mesmo mês do ano passado, ou seja, comercialização de 228,6 mil toneladas por dia em outubro de 2023.

Segundo o SNIC, a taxa de juros elevada durante todo o ano, embora tenha registrado cortes desde agosto, afetaram negativamente o consumo das famílias e o financiamento de imóveis.

O endividamento da população continua em nível elevado (47,8%), diz o sindicato, enquanto a renda e a massa salarial real apresentaram crescimento, porém o rendimento dos trabalhadores segue estagnado desde 2019.

"A confiança do consumidor voltou a cair, atingindo o menor patamar desde junho, após quatro meses consecutivos de alta", comenta a entidade.

"A percepção negativa está disseminada em todas as classes de renda e pode estar relacionada com a desaceleração dos setores econômicos", completa.

Na construção, a queda na confiança interrompeu a alta dos últimos três meses. O pessimismo foi disseminado em quase todos os setores.

No setor de infraestrutura, o número de obra continua baixo, sinalizando que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ainda não decolou como esperado.

A falta de mão de obra qualificada é outro item que trouxe pessimismo ao setor de construção.

Tendência – As vendas de materiais de construção no varejo já acumulam perdas de 2,2% de janeiro a setembro de 2023.

Os lançamentos imobiliários vêm acompanhando essa tendência, com queda de 15,8% no 1º semestre do ano em comparação ao mesmo período de 2022.

Já as vendas imobiliárias caíram 5,3% na mesma base de dados. Esse movimento faz com que o estoque de obras diminua e, consequentemente, piore a perspectiva de vendas de cimento.

Os números de financiamento imobiliários para construção apresentaram redução de 42,9% no acumulado até setembro com relação ao mesmo período de 2022, reflexo da alta taxa de juros e da baixa renda da população.

Por outro lado, o Marco Legal das Garantias, sancionado pelo governo, deve estimular o crédito imobiliário e reduzir juros ao permitir que um bem seja usado para assegurar mais de um empréstimo.

Além disso, o STF autorizou bancos e instituições financeiras a retomarem imóveis financiados, em caso de inadimplência, sem precisar acionar o Judiciário.

As novas regras trazem alterações que podem contribuir para a redução dos custos de operações financeiras, propiciando mais previsibilidade nos processos extrajudiciais e, por consequência mais segurança ao mercado.

“A demanda por cimento está intimamente ligada à massa salarial e renda, aspectos por sua vez conectados a empregos e indicadores macroeconômicos”, ressalta Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

“O salário não se recuperou na mesma velocidade que os postos de trabalho, afetando diretamente o setor de construção. Além disso, a taxa de juros permanece alta, estabelecendo uma grande competição entre os ativos imobiliários e financeiros”, avalia.

Matéria publicada na Grandes Construções

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